quinta-feira, 27 de junho de 2013

The Last of Us, a surpresa da Naughty Dog na despedida do Playstation 3

As melhores estórias de zumbis não giram em torno dos desmortos e sim dos sobreviventes. Isso vale desde o clássico absoluto de George Romero A noite dos mortos-vivos ao seriado de sucesso da Fox, The Walking Dead, baseado nas famosas HQs de Robert Kirkman. Quando a Naughty Dog, reconhecida pela série Uncharted, anunciou The Last of Us pra Playstation 3, muitos acharam que um Uncharted com zumbis estava a caminho. Eis que a Naughty Dog resolveu surpreender a todos, entregando uma trama épica, com protagonistas fortes e coadjuvantes profundos e que, tirando elementos de jogabilidade, muito pouco lembra a série de aventuras de Nathan Drake. O jogo pode ter bugs gráficos e de áudio bem como problemas inerentes à jogabilidade em jogos de tiro em 3ª pessoa mas todos esses pormenores acabam ficando em segundo plano perto do que The Last of Us representa.

Um Uncharted com zumbis ou uma grande surpresa?

Por mais que o destaque da narrativa seja voltado aos sobreviventes, The Last of Us entrega uma solução inovadora ao gênero: uma pandemia causada por um fungo que realmente existe, uma variação do Cordyceps, o Cordyceps Unilateralis. Esse fungo invade o sistema nervoso de insetos modificando seu comportamento em benefício do fungo parasita, tornando o inseto uma espécie de zumbi. A equipe da Naughty Dog teve a ideia ao assistir um documentário da série Planet Earth, eles só especularam a possibilidade do fungo sofrer uma mutação que passasse a afetar seres humanos. No universo do jogo, o fungo se reproduz através de esporos que infectam a pessoa e se instalam no sistema nervoso central, brotando de dentro pra fora, por isso o visual bizarro dos infectados, pessoas com "cogumelos" saindo de suas cabeças. A infecção se dá ou pela respiração do esporo do fungo em áreas contaminadas ou pela mordida de um infectado, tal como acontece com zumbis. A ideia do Cordyceps dá um novo fôlego criativo ao já desgastado gênero "terror com zumbis", renovando o conceito pra apresentar uma trama mais profunda não apenas pelos personagens mas pelos detalhes em torno da pandemia que dá ritmo à narrativa.

O efeito da infecção do Cordyceps Unilateralis em uma pobre aranha...

O jogo começa com um prólogo abordando o começo da pandemia do ponto de vista de Joel, um dos protagonistas, sua filha Sarah e seu irmão Tommy. Essa parte funciona mais como uma introdução aos personagens que uma fase tutorial propriamente dita, tanto que o jogador começa controlando a Sarah em busca do pai na casa da família. No fim do prólogo o jogador presencia a tragédia do passado de Joel, logo no princípio do caos generalizado causado pela pandemia, quando ele tenta fugir com a filha e o irmão. Joel vê sua filha Sarah morrer em seus braços sem poder fazer nada até que acontece um corte pra uma breve exposição do surto da pandemia durante os créditos iniciais do jogo, lembrando a abertura do remake de Madrugada dos Mortos, de Zack Snyder. Ficamos sabendo então que 20 anos se passaram e é verão quando conhecemos o sobrevivente e amargurado Joel, desgastado pelo tempo, sisudo e quieto, ao contrário de sua nova parceira Tess, ativa e inquieta. Ficamos sabendo que eles levam a vida como contrabandistas em Boston, ganhando a vida com a escassez de recursos e mantimentos.

Joel e Tess

Logo de cara os fãs de Half-Life vão perceber que o jogo lembra muito o clássico da Valve. Enquanto Joel e Tess andam pelas ruas controladas pelos militares de Austin, os NPCs interagem entre si e com o jogador. Uma cena forte se passa logo que Joel e Tess saem de casa quando um grupo militar faz uma verificação em busca de infectados em um grupo de civis, um deles está infectado com o fungo e é prontamente executado com uma seringa por um dos oficiais enquanto outro tenta fugir e ali mesmo é fuzilado enquanto tudo que o jogador pode fazer com Joel é testemunhar o ocorrido. Se aproximar dos militares é pedir pra levar um empurrão e um aviso pra sair dali. Sutilmente o jogo informa que nesse futuro a pandemia foi contida pelos militares, que nessa sociedade detém o poder e mantém as cidades em lei marcial, contudo infectados aparecem aqui e ali e são prontamente eliminados sem cerimônia, quem reage é prontamente executado. Instantes depois acontece um ataque dos Vagalumes, um grupo rebelde que enfrenta os militares e se oferece como alternativa ao governo ditatorial, declarando buscar uma solução pra pandemia.

A presença dos militares é uma das ameaças constantes no jogo

Passado o breve tutorial e enfrentados os primeiros inimigos conhecemos a outra protagonista do jogo, Ellie. Uma adolescente comum, inocente e feliz mas determinada a cumprir sua missão, perfil que aos poucos vai mudar drasticamente ao longo da jornada. A partir do encontro dos protagonistas o jogo se revela praticamente um road movie já que de agora em diante a jornada de Joel e Ellie dita os acontecimentos até o final do jogo. O percurso da dupla começa em Boston, passa por Pitsburgh, Salt Lake City e volta ao fictício Jackson County, em Wyoming, no final, tudo ao longo das 4 estações do ano que passam em sua jornada. Tudo que pode se dizer sem entregar spoilers da trama é que a dupla encontrará situações inesperadas seja com outros grupos de sobreviventes ou mesmo infectados. O jogo é tenso, com um clima infeliz e não vai poupar o jogador de momentos difíceis ou dar fôlego pra se recuperar dos acontecimentos chave do jogo nas praticamente 20h de jogo. A relação entre Joel e Ellie é o ponto chave da trama e representa a busca de Joel por redenção com o próprio passado trágico. É interessante notar o cuidado com os diálogos da dupla e como a relação entre Joel e Ellie vai se desenvolvendo ao longo do jogo, mostrando a mudança de comportamento de um com o outro e o quanto eles dependem um do outro pra sobreviver até o final da jornada. Outro ponto interessante é perceber ao longo do jogo que o pior inimigo não é o fungo ou os infectados e sim os sobreviventes. Ponto pra Naughty Dog pela ousadia de colocar o quanto "os últimos de nós" podem tornar o mundo um lugar pior, mesmo após uma pandemia terrível dizimar boa parte da população.

Joel e Ellie em sua viagem pelo país

O jogo toma aspectos de um survival horror em ambientes fechados e escuros, com pouca munição e recursos, isso até quando de repente o ambiente aterrador e claustrofóbico muda pra uma paisagem exuberante cheia de vida com a natureza tomando conta do que restou das cidades por onde o jogador passa, quebrando com qualquer chance de rotular o jogo como um survival horror. Não há como enquadrar o jogo num nicho específico, o gameplay varia em diversas situações. O que se pode dizer é que a melhor linha de ação é evitar o confronto, seja com infectados ou sobreviventes hostis, quanto mais o jogador economizar munição, melhor, mas se o jogador optar por jogar como se estivesse jogando um jogo de ação frenética, tudo bem, a dificuldade aumenta com a escassez de recursos e a ferocidade dos ataques inimigos mas não é impossível tomar esse tipo de curso no gameplay. O melhor é seguir o que os personagens repetem ao longo da trama "faça cada bala valer a pena". The Last of Us não é um jogo fácil quer o jogador escolha evitar o confronto jogando furtivamente ou optar por enfrentar diretamente todos os inimigos.

É melhor evitar o confronto e ser furtivo que gastar a escassa munição no jogo

Entre os infectados, existem 3 variações básicas: o estágio inicial com os corredores que ainda são capazes de enxergar, os estaladores cujo fungo que brota de dentro do cérebro já tomou a cabeça fazendo com que eles percam a visão mas contem com uma audição aguçada, e os vermes cuja infecção se espalhou por todo corpo. Tanto os estaladores como os vermes podem matar o jogador de imediato, basta apenas se aproximar deles. E acredite, existem trechos repletos de estaladores à espreita. Os corredores também não facilitam, basta um pequeno grupo encurralar o jogador e a morte também é certa. Os vermes são raros mas quando aparecem dificultam muito pois são capazes de atacar à distância lançando esporos no jogador.

Os estaladores não perdoam, um erro significa voltar ao chckpoint anterior

Entre os oponentes humanos, os tiros causam um dano considerável e não basta tomar cobertura pra evitar as balas inimigas, em vários momentos enquanto se atira em um adversário, outro vem cercar o jogador e intensificar o ataque seja atirando também ou com armas brancas como tacos, facões ou canos. Por isso, quando o confronto é iniciado, melhor terminar logo com os adversários antes que apareçam mais reforços ou a situação só vai piorar.

Surpresa...

 O arsenal do jogo é bastante variado e pode ser atualizado com peças encontradas ao longo do jogo. Da mesma forma as habilidades também podem ser evoluídas seja com o aumento da saúde de Joel, da habilidade com a arma ou mesmo com a faca, permitindo se defender de estaladores sem que estes matem o jogador de imediato, facilitando um pouco os confrontos. Os itens como facas, medpacks e bombas podem ser construidos pelo jogador com pedaços que são encontrados no cenário. Além disso existem vários colecionáveis ao longo do caminho como pingentes dos Vagalumes, HQs pra Ellie, cartas de sobreviventes, mapas ou mesmo manuais que ajudam a aumentar dano nas armas ou a capacidade dos medpacks. O mais interessante é que pra fabricar itens, melhorar as habilidades, aplicar um medpack ou mesmo visualizar um colecionável, Joel para pra acessar sua mochila, ficando vulnerável enquanto estiver executando a ação podendo ser morto a qualquer momento caso tenha algum inimigo por perto. Isso aumenta ainda mais a tensão do jogo.

Acessar o inventário pode ser tenso

Mas nem tudo são flores e mesmo com todos esses pontos positivos, The Last of Us tem seus problemas. A dublagem em português brasileiro ficou muito boa, o problema é que o áudio tem problemas em vários momentos durante o jogo quando Ellie e Joel conversam. Pode se ouvir bem a fala do Joel mas quando ele está longe da Ellie mas mal se ouve a resposta dela, isso quando se pode ouvir. Fica impossível jogar sem legendas e entender tudo que os personagens falam só de ouvido. O problema é que as legendas nem sempre batem com a dublagem e em alguns momentos sequer foram traduzidas pro português. A situação das conversas não ajuda também quando se entra no modo furtivo pra eliminar um inimigo, por vezes a Ellie ou outros companheiros falam em situações inadequadas, entregando sua posição pro inimigo mesmo quando se planeja um ataque furtivo. Um exemplo disso é no cemitério, por mais que se mate a maior parte dos estaladores sorrateiramente com a faca, em um dado momento ou Bill ou a Ellie entregam sua presença, impossibilitando que se mate todos os estaladores da área furtivamente. Infelizmente não há um comando que faça com que os companheiros parem em um determinado local esperando. Também não são poucas as vezes em que um companheiro passa na frente de um inimigo e esse não faz nada, quebrando drasticamente a imersão no clima tenso do jogo.

Cuidado com os bugs! Companheiros tagarelas podem entregar sua posição aos inimigos!

Outro problema acontece quando se morre perto do próximo checkpoint e o jogo volta a partir dele, sem que se tenha passado da parte em que se morreu. Isso aconteceu durante o gameplay desse review em alguns pontos como no cemitério ao enfrentar um grupo de estaladores, quando o último deles conseguiu matar Joel, o jogo continuou da área seguinte, como se todos os estaladores tivessem sido mortos e o checkpoint tivesse sido alcançado. A sequência com a camionete também sofre com o bug, o Joel morre com um estalador antes de entrar no carro e ao voltar o checkpoint já aparece dentro da camionete. Isso também se repetiu no inverno, na parte em que se joga com a Ellie, durante um confronto com um inimigo chave da etapa, muitos jogadores tem tido o mesmo problema em outros momentos e isso atrapalha um pouco na busca por um desafio maior. Esse bug e os demais felizmente podem ser consertados com atualizações, o que é animador, visto que seria injusto depreciar o jogo em função de detalhes que podem e vão ser consertados.

Ellie em ação

Os gráficos são um dos pontos altos do jogo. As expressões de Joel, Ellie e de todos os demais coadjuvantes são ricas em detalhes, os maneirismos de cada personagem, os detalhes nas roupas e na movimentação, tudo trabalhado nos mínimos detalhes. Joel não é nenhum garotão e se move de acordo com sua idade, quando corremos com o personagem, fica bem claro o peso da idade na movimentação do personagem, ao contrário da ágil e habilidosa Ellie quando ela é controlada pelo jogador. As texturas da água também impressionam bem como o movimento dos esporos ou mesmo das folhas no cenário, a variação de estações serve pra enriquecer ainda mais a paleta de cores e a variação das texturas. Na verdade os gráficos e animações estão tão bonitos que muitos estão questionando se existe mesmo a necessidade de uma nova geração tão imediatamente dada a capacidade do PS3 ainda poder gerar imagens tão bem trabalhadas.

A riqueza está nos detalhes dos gráficos do jogo

The Last of Us ainda conta com um modo + após o término da campanha, o que permite se recomeçar o jogo com as melhorias nas armas e habilidades adquiridas durante o gameplay anterior, apenas os colecionáveis voltam do zero. Além disso, o jogo também tem um multiplayer interessante chamado "facções" que funciona como um complemento ao universo do jogo onde o jogador opta por jogar com os Vagalumes ou Caçadores em busca de recursos e mantimentos pro grupo. Cada grupo enfrenta o outro em mapas da campanha principal, a cada adversário morto, mais peças o jogador acumula. Auxiliar os companheiros ou encontrar mantimentos no caminho também aumentam o número de peças acumuladas, o que depois é contabilizado no final da partida e conta como recurso pro grupo de sobreviventes escolhido.

O modo multiplayer complementa o universo do jogo garantindo ainda mais horas de diversão

Por esses motivos e outros tantos, The Last of Us é uma das melhores surpresas do ano. Mesmo com defeitos aqui e ali, o jogo surpreende. Uma trama que inova num gênero já desgastado com tantos jogos e filmes medianos, personagens carismáticos com uma profundidade incomum ainda nos games e conflitos dignos dos mais sofisticados dramas aliados a um gameplay rico e variado tornam The Last of Us um forte candidato a jogo do ano. Se vai vencer ou não, não importa. O que importa é a iniciativa da Naughty Dog em criar um jogo novo, com personagens cativantes, uma trama criativa e um gameplay desafiador e inteligente, sem que se deixe o jogo virar um mero filme interativo, bem como um jogo de tiro descerebrado, e sim uma experiência completa, profunda e significativa. Num mercado onde o mais seguro seria seguir com mais um jogo da franquia Uncharted, a Naughty Dog ousou e nos presenteou com um jogo sensacional. Parabéns pra Naughty Dog e que venham mais e mais jogos como The Last of Us.


terça-feira, 18 de junho de 2013

A história das adaptações que poderiam ser épicas mas faltou capricho ou um review de Star Trek: The Game


A indústria de games criou um clichê no que se refere a jogos baseados em franquias de outras mídias como cinema, TV, livros ou HQs: quase sempre são jogos ruins. A maioria tem defeitos terríveis no gameplay, gráficos, narrativa, falta de inovação... a lista de problemas é tão grande quanto o número de jogos lançados baseados em outras mídias. O problema é que esses jogos tem venda certa pra um determinado público: os fãs. Mesmo que não seja um sucesso em vendas digno de dar orgulho a um Call of Duty, a Activision insiste em lançar jogos medianos de James Bond porque sabe que os fãs de 007 vão querer jogar com o personagem e aí com isso começa o ciclo que gera esses jogos medianos.

007 Legends

A publisher, depois de garantir os direitos da franquia, manda o jogo pra uma desenvolvedora pequena, que vai em um curto espaço de tempo e/ou com uma equipe limitada, entregar um jogo do jeito que der adaptando a franquia em questão, quase sempre um jogo medíocre. A publisher gasta com os direitos da franquia e economiza com a equipe de desenvolvimento e como a venda é certa pros fãs, a margem de lucro pode ser melhor que a de muitos jogos cujo desenvolvimento é caro e o lucro é incerto. Aliens: Colonial Marines é um exemplo de como isso pode dar muito errado, um jogo que muitos esperavam mas que no final decepcionou até os fãs. O RPG de Game of Thrones da Cyanide Studios e da Atlus também, esse ao menos tinha uma boa trama pra agradar os fãs mas o gameplay ficou muito fraco pra fãs de bons RPGs.

Aliens: Colonial Marines

Existem exceções à essa regra vide o trabalho da extinta Lucas Arts com os jogos de Star Wars: apesar de aqui e ali ter um jogo mal feito, eles lançaram clássicos como Rebel Assault, Dark Forces ou mesmo Force Unleashed. O mesmo um dia valeu pra Star Trek quando era a saudosa Interplay quem cuidava dos jogos da tripulação clássica da USS Enterprise. Naqueles tempos jogos como o adventure The Judgement Rites ou o simulador espacial Starfleet Academy eram sucessos de crítica e vendas por serem jogos bem feitos e ao mesmo tempo agradar aos fãs em cheio pela fidelidade ao material original.

Lucas Arts, responsável pelos clássicos de Star Wars nos games

Infelizmente isso quase acontece com o novo Star Trek: The Game. Uma pena ter ficado no quase. Star Trek é um jogo de tiro em 3ª pessoa que lembra em alguns momentos a série Mass Effect apesar de ter a premissa de ser um jogo co-op com Kirk e Spock, lembrando de leve Gears of War. O jogo é inspirado no reboot de J.J. Abrams lançado nos cinemas em 2009 e se passa entre esse filme e o novo Além da escuridão: Star Trek, recém lançado nos cinemas. Os adversários da vez, os Gorn, foram adaptados da série clássica pra manter a coerência com os eventos do reboot nos cinemas. Os fãs da série clássica dos anos 60 podem esquecer o lagarto de borracha que enfrentou William Shatner no episódio Arena e se acostumar com os lagartos sofisticados do game. Os Gorn agora são divididos em classes/espécies, seguindo uma hierarquia de comando, cada um com uma habilidade específica no jogo.

Capitão Kirk enfrenta o Capitão da Nave Gorn na série clássica e 40 anos depois pra promover o jogo

Star Trek: The Game contou com as vozes e imagens de todos os atores dos novos filmes, destacando a captura de movimentos de Chris Pine como o Capitão Kirk e Zachary Quinto como o 1º oficial Spock, os protagonistas do jogo. Mesmo com tudo isso, Star Trek peca nos gráficos e nas animações que mereciam um pouco mais de atenção, são vários os momentos em que a movimentação dos personagens parece artificial ou mesmo os personagens entram em paredes ou passam um através do outro. Um pouco mais de esmero técnico nos gráficos e o jogo seria marcante pela grande quantidade de detalhes e trejeitos capturados das imagens dos atores envolvidos. Os cenários acabam se repetindo aqui e ali apesar de alguns serem realmente bem pensados como a ponte da Enterprise.

Chris Pine dublando Kirk no jogo

No começo, o jogador escolhe entre Kirk e Spock, a jogabilidade deles tem pequenas diferenças nos diálogos e na capacidade de Spock de fazer um elo mental, uma forma do vulcano entrar na mente de outro personagem. Infelizmente no jogo as habilidades de cada personagem praticamente não refletem na jogabilidade em si, a mecânica de hackear dispositivos não é mais fácil pro Spock bem como a mira do Kirk não é mais precisa, ambos tem as mesmas possibilidades de ações durante o jogo, algo que decepciona quem esperava mais. Os dois usam o tricorder, equipamento utilizado em Star Trek como um leitor de informações sobre o local explorado, acesso remoto a outros dispositivos, praticamente um computador pessoal. No jogo o tricorder ativa uma visão que lembra o modo detetive do Batman na série Arkham, revelando itens escondidos, objetivos da missão e pontos de interação. Existe uma árvore de habilidades pra evoluir as armas e o tricorder mas o efeito quase passa despercebido ao longo do jogo mesmo quando evoluídos ao máximo.

Tela de seleção de personagem na versão pra XBOX 360

A  trama começa com um combate frenético contra os Gorn que se revela em seguida um flashforward narrativo, o tiroteio se encerra num conflito entre Kirk e Spock que será explicado mais adiante no jogo. Em seguida a ação corta pra uma estação espacial orbitando um sistema binário, numa fase que funciona como um tutorial onde o jogador aprende os comandos básicos do jogo enquanto é apresentado aos personagens e aos eventos que vão desencadear o conflito com os Gorn. O jogo se divide em capítulos, cada um em um cenário diferente como a estação espacial, Nova Vulcan, uma base da Frota Estelar, a Enterprise, o planeta dos Gorn e a nave mãe deles.

Kirk encarando Gorns nos corredores da Enterprise

Algo positivo no jogo são as mecânicas variadas como as partes em que se comanda a Enterprise ou quando se controla o personagem durante saltos entre as naves ou planando no planeta Gorn, algo que lembra cenas do filme recente e do anterior. Também é digna de nota a parte em que após um elo mental de Spock com um personagem, temos de buscar as memórias dele numa espécie de viagem astral, a cada memória encontrada, uma cinematic revela fatos importantes da trama. Os diferentes minigames de hackeamento também enriquecem o jogo chegando até a ter hackeamentos em co-op. 

Um dos minigames de hackeamento em Star Trek

O problema de todas essas mecânicas é a forma confusa como elas são apresentadas, isso quando são... Comandar a Enterprise seria um grande quick time event, uma sequência onde o jogador tem de apertar determinados botões pra seguir adiante, só que não é o caso aqui, o jogo tenta dar uma liberdade ao jogador no controle da Enterprise mas no fim tudo fica tão confuso que a batalha é vencida sem que se entenda muito bem o que aconteceu. A parte do elo mental do Spock não tem orientação alguma do que se fazer, se o jogador não perceber que deve movimentar a câmera na direção da luz, a tela continua parada na escuridão, sem nenhuma dica do que se deve fazer, o mesmo acontecendo com os hackeamentos. Por mais que se possa pedir pro parceiro hackear um sistema, é frustrante não entender logo de cara como se proceder pra ganhar mais pontos de experiência no jogo. Se bem que os pontos ganhos, quase não ajudam a alterar as habilidades dos personagens, como dito anteriormente. A partir do momento em que o jogador sabe o que fazer em todas essas partes do jogo, a experiência enriquece ficando muito mais interessante, o problema é sofrer até descobrir o que fazer.

A Enterprise em ação

Outro ponto complicado é a inteligência artificial do jogo. Testamos a versão de PS3 do jogo e não tivemos muitos problemas mas tem quem tenha tido problemas como o companheiro virtual precisar de ajuda o tempo todo, entrar na linha de fogo nas horas erradas, não tomar cobertura entre outros problemas durante o jogo. Os Gorn também não são inimigos muito difíceis de se vencer também, algo que decepciona um pouco jogadores mais experientes. Existem itens escondidos e objetos a serem encontrados ao longo do jogo que rendem bônus de experiência e troféus/conquistas mas eles quase não fazem diferença no gameplay, salvo os comunicadores que trazem diários em áudio que ajudam a revelar detalhes da trama.

Esse Gorn não parece feliz...

Mas nem tudo é problema no novo Star Trek. Uma vez compreendidas as mecânicas de hackeamento e o gameplay do jogo, a experiência se torna muito mais divertida. O co-op quando jogado com um amigo local ou online fica ainda melhor. As passagens na Enterprise, os diálogos com os personagens do elenco clássico como o Dr. McCoy, o Scotty, a Uhura, o Chekov e o Sulu animam os fãs da série antiga ou do reboot recente. As referências escondidas, as tiradas de onda com os personagens, os cenários, tudo faz parte desse novo universo alternativo criado com o reboot do filme de 2009. O jogo faz ligação com a série em quadrinhos Ongoing que conta os eventos ocorridos após o filme de 2009 e acaba exatamente onde o novo filme começa.

Kirk e Spock em ação garantem alguma diversão

Star Trek: The Game é um jogo com ideias excelentes mas infelizmente executadas com pressa. Fosse um jogo com mais tempo em desenvolvimento e seria um jogo excelente, não apenas um jogo bom depois de superadas as dificuldades no gameplay. São muitos os exemplos de jogos que mereciam mais tempo de desenvolvimento hoje em dia: Deus EX: Human Revolution teve uma equipe cuidando do gameplay das fases do jogo enquanto outra cuidava das batalhas com os chefes, resultando numa mistura confusa e incoerente. Tivessem dado mais tempo ao desenvolvimento e o jogo seria forte concorrente a jogo do ano em 2011. Algo parecido aconteceu com Star Trek: empolgou muita gente quando apresentado em 2010, fez muitos fãs da série e gamers em geral pensar que dessa vez a maldição das adaptações medianas seria quebrada mas infelizmente, não teve o tempo que merecia, dada a quantidade de boas ideias que apresentou. Ao menos vale como diversão garantida pra fãs ou quem estiver interessado em jogar um co-op diferente, com mecânicas variadas, algo que não tem aparecido tanto nos lançamentos recentes. Pode não ser um clássico... mas diverte.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Enquete de Dia dos Namorados: qual desses jogos você gostaria de ganhar neste dia 12?

Dia 12 chegando... certeza que alguns de vocês já andaram dando aqueeeeeela dica pra namorada de qual jogo gostaria de ganhar. Bom, a Abraão Games tá longe de ser a namoradinha de vocês mas quer muito saber qual desses jogos você gostaria de ganhar neste Dia dos Namorados. Responda e fique de olho em nossa fanpage!



Promoção à vista! Qual desses jogos você gostaria de ganhar neste Dia dos Namorados?
Call of Duty: Black Ops II
Injustice: Gods Among Us
Resident Evil: Revelations
The Last of Us